A falta de uma política nacional estruturante e orgânica para a cadeia láctea brasileira se torna um fortíssimo incentivo à produção de outros países
Na medida em que os governos não promovem uma política estruturante, orgânica para a cadeia láctea brasileira — incluindo uma política de formação de estoques que retira o excesso do mercado e os disponibiliza na entressafra — não garante condições ao produtor e não beneficia toda a sociedade brasileira com abastecimento a todas as demandas de lácteos do mercado interno.
A falta dessa política estruturante, orgânica, se torna um real, imediato e fortíssimo incentivo à produção de outros países, por excelência exportadores de leite e queijos, como está acontecendo de forma exacerbada desde julho 2022 com as volumosas importações de leite em pó e mais recentemente de queijos, lembrando as décadas de 1970, de 1980 e de 1990. Analisando a diminuição da produção brasileira desde 2015, que não evolui, por conta dos seus altos custos e produtividade, que não combina com a renda da população brasileira, certamente a sociedade brasileira é expectadora dessa realidade e esperançosa por notícias mais alvissareiras para um segmento que deve ser considerado em seu conjunto mais estratégico para o nosso desenvolvimento socioeconômico, alimentar.
O Governo conhece as informações, visto que são os órgãos governamentais que produzem as estatísticas oficiais de produção e de comércio internacional. Para quem assiste essa situação que chega a ser dramática, não entende por que não se encontra as soluções rapidamente. O Governo sabe quem importa, que não são os laticínios que adquirem leite do produtor nacional, conhece os preços que são importados o leite em pó e a mozarela, possui informações sobre qual é o custo de produção brasileira, o qual vem sendo publicado pela Embrapa frequentemente.
Analisando todas essas informações chegamos a triste certeza de que há uma confluência de interesses que permitem que a Argentina e o Uruguai, sejam os maiores interessados na falta de uma política estruturante e orgânica da Cadeia Láctea brasileira. Ainda é tempo, não por falta de propostas, mas por falta de prioridade.
Os parlamentares há alguns anos que se movimentam no sentido de encontrar soluções. Encontra-se no Senado Federal o PL03071, cujo número na Câmara era PL 9743/18, não seria o caso, para iniciar os debates já colocar em regime de urgência esse PL 03071? Já seria um bom início que houvesse uma ampla mobilização da cadeia láctea no Congresso com vista a finalmente exigir que os temas prioritários do conjunto da cadeia láctea fossem debatidos e finalmente colocados em lei.
Fonte: Terra Viva