Soberania alimentar: entre ambição e transformação, a cadeia láctea francesa avança
Diante de desafios econômicos, ambientais e sociais, a cadeia láctea francesa se adapta para construir um modelo resiliente e competitivo. Entre ambições arraigadas e desafios persistente, ela mantém a sua transformação.
Com a aproximação do Salão Internacional da Agricultura (SIA), o Centro Nacional Interprofissional de Economia Leiteira (Cniel) chama para uma mobilização coletiva e reafirma seu compromisso em busca de uma cadeia láctea dinâmica e sustentável, capaz de responder às expectativas dos consumidores e criar valor para todos.
“A soberania alimentar não é decretada, ela é construída. Juntos, protegemos e valorizamos cada litro de leite, para nossos agricultores, nossos territórios e nosso futuro. Meu objetivo é claro: preservar a integralidade de produção nacional de leite. Isso exige medidas firmes: maior apoio aos nossos produtores, preço justo para cada segmento da cadeia, uma simplificação das normas e a defesa de nosso conhecimento sobre os mercados nacional e internacional”, afirma Pascal Le Brun, Presidente do Cniel.
Uma mobilização para enfrentar os desafios estruturais do setor
Apesar do contexto incerto neste início de 2025, o ano de 2024 confirmou as tendências positivas para a cadeia láctea. As ações concertadas dos agricultores, das indústrias privadas e cooperativas, assim como a distribuição deram seus frutos, com muitos indicadores testemunhando uma melhora significativa:
- Alta do consumo: a demanda por produtos lácteos está aumentando na França e no mundo, com perspectivas otimistas para a próxima década.
- Retomada da produção: depois de três anos em queda, entre 2020 e 2022, a produção de leite francesa registrou crescimento de 1%, em 2024.
- Avanços sociais e econômicos: 60% dos produtores consideram hoje, que suas fazendas leiteiras estão com perspectivas positivas, ou seja, um aumento de 18 pontos desde 2019.
- Melhoria das condições de trabalho e de remuneração: os avanços obtidos com a Lei EGALIM* e o reforço de ferramentas de acompanhamento econômico contribuíram para um melhor reconhecimento do trabalho dos agentes da cadeia.
- Atratividade e modernização: inúmeras fazendas, laticínios e distribuidores integraram novas tecnologias para reduzir as dificuldades das árduas tarefas diárias, como o aumento da inovação na produção e processamento do leite. Assim, uma, de cada cinco fazendas francesas, já está equipada com um robô de ordenha.
- Transições ambientais: 40% das fazendas leiteiras francesas estão comprometidas com uma abordagem de baixo carbono, enquanto que inúmeras iniciativas dentro das fazendas e indústrias visam reduzir o consumo de água e otimizar os recursos energéticos.
Esses avanços reafirmam a capacidade da cadeia láctea francesa de evoluir dentro deste mundo em mutação e construir modelos sustentáveis, competitivos e resilientes.
Os desafios para alcançar a promessa de soberania alimentar
Assegurar a sobrevivência da cadeia láctea, é também garantir a soberania alimentar do país.
Neste sentido, com a aproximação do SIA, o Cniel pede medidas estruturais:
- Proteger a competitividade da cadeia: através da redução da carga fiscal que, na França, é duas vezes mais elevada do que em outros países europeus.
- Facilitar a renovação geracional: A lista única prevista dentro do projeto da Lei de Orientação Agrícola (PLOA) poderia representar um avanço essencial se não fosse facultativo, para acompanhar a transferência das fazendas. No entanto, é necessário que os elaboradores do projeto iniciem a mudança de paradigmas e estabeleçam objetivos que possam ser alcançados. O projeto teve o mérito de promover a instalação de mulheres na agricultura, que ainda é minoria como chefes de explorações agrícolas (34%).
- Acelerar a transição ambiental com objetivos claros: reduzir a emissão de 5,5 milhões de toneladas de CO2 continuando os investimentos necessários de 3 bilhões de euros.
Um plano ambicioso para a próxima década e um apelo ao comprometimento coletivo
No mundo em mutação, a cadeia láctea francesa continua evoluindo. O plano 2026-2028, atualmente em elaboração, se insere nessa trajetória para a sustentabilidade ao promover:
- Um modelo resiliente, capaz de enfrentar as incertezas econômicas e climáticas.
- Uma cadeia atrativa, que valoriza o trabalho e atraia novos atores.
- Uma produção criadora de valor para todos os atores da cadeia.
A CNIEL aproveita o SIA para pedir uma mobilização coletiva, tanto ao nível nacional como europeu, com o objetivo de garantir um futuro próspero e sustentável para a produção de leite francesa.
* EGalim – Lei francesa de 2018 para equilibrar as relações comerciais entre os setores agrícolas, e de alimentos
Fonte: Cniel [traduzido]