A Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) proibiu o uso do corante vermelho nº 3 (eritrosina), presente em bebidas, doces e lanches na maioria dos países desenvolvidos
A FDA atendeu uma petição de 2022 apresentada pelos defensores da segurança alimentar e da saúde, solicitando que a agência retirasse a aprovação da substância que proporciona um intenso vermelho cereja nos alimentos.
A FDA disse, em comunicado, que o assunto foi considerado como “uma questão de direito” depois que dois estudos mostram que ratos de laboratório expostos a níveis elevados do corante tiveram câncer, em decorrência de um mecanismo hormonal específico dos roedores. Esclareceu, contudo, que o mecanismo que provoca o câncer nos ratos não é reproduzido nos humanos. Os níveis de exposição das pessoas são muito menores e os estudos realizados em outros animais e pessoas não mostraram os mesmos efeitos.
Por que preocupa o uso de Eritrosina ou vermelho nº 3?
O vermelho nº 3 foi utilizado durante décadas na indústria de alimentos para conceder um vermelho intenso a uma ampla variedade de produtos, desde doces a sucos, e até em carnes. Ao longo dos anos, estudos científicos mostravam preocupações sobre a segurança deste corante, vinculando-o a possíveis efeitos adversos para a saúde, como alergias, hiperatividade em crianças e, em alguns casos, riscos de câncer.
Por exemplo, nos Estados Unidos da América (EUA), esta cor não pode ser utilizada em cosméticos e medicamentos aplicados diretamente sobre a pele desde 1990, devido aos riscos de alergias e suspeitas de sua natureza cancerígena, depois dos estudos demonstrarem que causaram câncer em roedores.
Quando a FDA proibiu o uso em cosméticos e medicamentos tópicos, o corante já era permitido em alimentos e medicamentos ingeridos.
Riscos do consumo de eritrosina
Um estudo publicado no National Library of Medicine destaca que a eritrosina é um corante azoico sintético utilizado para melhorar a qualidade dos alimentos.
Os estudos toxicológicos demonstraram que o consumo de doses altas destes corantes é tóxico em ratos. Tintas e corantes sintéticos para alimentos incluem pigmentos produzidos de forma natural.
Dadas suas propriedades, disponibilidade a baixo custo, estabilidade e a atração de seu colorido, são produzidas grandes quantidades de eritrosina por ano.
Diretrizes muito rígidas foram estabelecidas em relação ao uso e consumo de corantes, de modo que o limite de segurança utilizado em alimentos continua sendo objeto de debate até hoje.
O estudo concluiu que a eritrosina induz alterações bioquímicas e agrava o comprometimento cognitivo e neurocomportamental através do aumento do estresse oxidativo e nitrérgico, da atividade da acetilcolinesterase e da liberação de citocinas pró-inflamatórias no cérebro do rato.
Implicações para a indústria de alimentos
A proibição do vermelho 3 representa um desafio significativo para a indústria de alimentos, já que requer reformular uma ampla gama de produtos que tradicionalmente utilizam este corante.
Os fabricantes deverão buscar alternativas seguras e eficazes para manter a aparência e a atração de seus produtos.
Considerações importantes para a indústria:
- Pesquisa e desenvolvimento: Investir em pesquisa e desenvolvimento para identificar e avaliar novos corantes naturais e sintéticos que cumpram com os requisitos regulatórios e sejam seguros para o consumidor.
- Reformulação de produtos: Desenvolver novas formulações que mantenham o perfil sensorial dos produtos e satisfação às expectativas dos consumidores.
- Comunicação com o consumidor: Adotar estratégias de comunicação efetiva para informar aos consumidores sobre as mudanças na composição dos produtos e garantir transparência.
Alimentos que contêm eritrosina
A eritrosina, também conhecida como Vermelho 3, é o corante artificial mais empregado pela indústria de alimentos e bebidas.
A aplicação desta cor polêmica tem como objetivo proporcionar um produto com um tom mais chamativo, resplandecente e que seja saboroso à vista dos consumidores.
O Vermelho 3 é comum em alimentos com sabor morango e framboesa, como: bolos, biscoitos, lanches, goma de marcar, doce, sorvetes, laticínios, sucos, gelatina, pastilhas, pós para preparação de bebidas, refrigerantes e geleias.
É importante mencionar que uma das empresas de confeitaria com sede no México, Mondeléz Snacking México, em comunicado destacou que a formulação de seus produtos não contém este ingrediente, portanto, cumpre com os regulamentos e as normais nacionais e internacionais.
A Associação Nacional de Confeiteiros dos Estados Unidos, entidade que representa o setor de chocolates, doces, chicletes e mentas, disse que a segurança alimentar é a principal prioridade de suas associadas.
A entidade pressionou para que a FDA tome uma decisão sobre o Vermelho 3, dizendo que muitas decisões são tomadas emocionalmente e carecem de respaldo científico.
Fonte: The Food Tech (traduzido)