O portfólio de iogurtes da Danone está vivendo um momento de forte crescimento, à medida que os consumidores continuam priorizando saúde e bem-estar por meio de alimentos funcionais e ricos em nutrientes
Com a marca Activia apresentando “bons progressos” na América do Norte, como a força da Danone na pesquisa do microbioma está impulsionando seus negócios de iogurte?
O portfólio de iogurtes da Danone está vivendo um momento de forte crescimento na América do Norte, à medida que os consumidores continuam priorizando saúde e bem-estar por meio de alimentos funcionais e ricos em nutrientes.
Os laticínios ricos em proteínas têm sido um dos principais motores de vendas da Danone no segmento de iogurtes – mas o impacto da marca de iogurtes probióticos Activia também tem crescido.
Isso se deve, em parte, aos esforços da Danone para reposicionar a Activia como um alimento essencial para a saúde intestinal, uma estratégia que já está trazendo resultados. Em novembro passado, Juergen Esser, vice-CEO e CFO do grupo, disse aos investidores que a Activia estava fazendo “progressos muito bons” em várias regiões.
“O reposicionamento da marca, voltando a uma posição muito clara sobre saúde intestinal e benefícios para a saúde, está funcionando para nós (…) tanto na Europa quanto na América do Norte”, afirmou. “E daqui para frente, vocês verão que seremos ainda mais claros sobre os benefícios e as alegações dessa grande marca.”
Laticínios ricos em proteínas: outro grande sucesso
A linha de iogurtes ricos em proteínas da Danone tem sido um grande impulsionador de vendas nos últimos anos. Dentro da divisão de Produtos Lácteos Essenciais e à Base de Plantas (EDP), as vendas líquidas de produtos de alto desempenho em proteínas mais do que dobraram, passando de €400 milhões (aproximadamente US$ 432 milhões) no ano fiscal de 2021 para mais de €1 bilhão (aproximadamente US$ 1,08 bilhão) no terceiro trimestre de 2024.
No terceiro trimestre de 2024, os produtos ricos em proteínas também registraram um forte crescimento de dois dígitos.
“Essa marca tem um potencial fantástico. Nos últimos dois anos, criamos as condições para retomar o crescimento, e agora estamos vendo isso se refletir nos nossos resultados”, disse Esser.
Então, como a gigante dos laticínios está impulsionando a inovação no espaço da saúde intestinal e respondendo à demanda dos consumidores por iogurtes probióticos? Confira converda com Miguel Freitas, Ph.D., vice-presidente de Saúde e Assuntos Científicos da Danone América do Norte, para entender melhor.
Alimentando o ‘segundo cérebro’
A Danone tem focado sua pesquisa e inovação em probióticos em três principais áreas de interesse dos consumidores: saúde digestiva, saúde cerebral e o impacto de probióticos específicos no microbioma.
“A saúde intestinal é realmente uma grande prioridade para os consumidores americanos – na verdade, muitos a citam como o aspecto mais importante de sua saúde geral”, afirmou o Freitas. “Isso faz sentido, dado o que estamos observando no campo da pesquisa. Cada vez mais estudos sugerem que o impacto da saúde intestinal, especificamente do microbioma intestinal, é extremamente amplo.”
Foco em laticínios fermentados
As bebidas à base de iogurte são outro segmento em crescimento nos EUA, com produtos lácteos fermentados como o kefir apresentando crescimento de dois dígitos tanto em vendas quanto em penetração nos lares.
Segundo a Circana, as vendas de bebidas de iogurte (+7,3%) e kefir (+24,7%) cresceram ano a ano, e a penetração nos lares aumentou quase 9% para bebidas de iogurte e 15% para kefir (dados das 52 semanas encerradas em 8 de setembro de 2024).
Na América do Norte, a Danone tentou adquirir a Lifeway Foods para expandir sua presença no mercado de kefir, mas teve suas duas ofertas recusadas. Já na Europa, a empresa expandiu o portfólio da Activia para incluir uma linha de kefir natural e aromatizado, visando os mercados em crescimento do Reino Unido e França.
Fortalecendo a saúde intestinal
Melhorar a saúde digestiva é uma prioridade para os consumidores e, portanto, um grande foco para a oferta de iogurtes probióticos da Danone.
“Cerca de metade da população em países ocidentais frequentemente experimenta problemas digestivos”, explicou Freitas. “É aí que entra o nosso produto probiótico Activia. Escolhemos nossa cepa probiótica exclusiva Bifidobacterium animalis lactis DN-173 010/CNCM I-2494 por sua capacidade de sobreviver e passar por todo o trato gastrointestinal.
“Além disso, dois estudos duplo-cegos, randomizados e controlados por placebo mostram que o Activia pode ajudar a reduzir a frequência do desconforto digestivo leve quando consumido duas vezes ao dia por duas semanas, como parte de uma dieta equilibrada e um estilo de vida saudável.”
Apoio ao eixo intestino-cérebro
A conexão entre o intestino e o cérebro é outra área de pesquisa e inovação da Danone, com os consumidores cada vez mais conscientes sobre a ligação entre o intestino e o bem-estar mental.
“A conexão entre mente e intestino e o papel dos probióticos é uma das áreas mais empolgantes da pesquisa em probióticos hoje”, disse Freitas. “Os especialistas chamam o intestino de nosso ‘segundo cérebro’ – e com razão. Depois do cérebro, o intestino abriga o maior número de neurônios do corpo.”
“A conexão entre intestino e cérebro já é reconhecida há muitos anos, mas só recentemente os pesquisadores começaram a descobrir que a microbiota intestinal também pode influenciar a função cerebral e o comportamento humano”, acrescentou.
“O intestino tem seu próprio sistema nervoso e pode produzir muitas das mesmas substâncias químicas ou neurotransmissores que o cérebro – incluindo a serotonina, que desempenha um papel fundamental no sono, no apetite, na sensibilidade à dor e no bem-estar geral, além de estabilizar nosso humor e sentimentos de felicidade.”
Saúde geral: da imunidade ao controle de peso
Estudar como probióticos específicos impactam o microbioma intestinal e a microbiota é outro foco de interesse para a empresa.
Isso está parcialmente ligado ao potencial de avançar soluções de nutrição personalizada para o consumidor em geral – por exemplo, desenvolvendo alimentos probióticos que auxiliam no gerenciamento de peso.
Além disso, a Danone está explorando probióticos de nova geração – microrganismos benéficos programados para fornecer benefícios à saúde de forma mais direcionada – permitindo a criação de laticínios funcionais que atendam à tendência da nutrição personalizada.
“Com a ressalva de que a ciência ainda está em estágio inicial nessa área, estudos de pesquisa indicam uma ligação entre certos probióticos e o controle de peso”, explicou Freitas.
Por exemplo, alimentos lácteos fermentados com probióticos podem ajudar os consumidores a atingirem seus objetivos de controle de peso, incluindo os objetivos de saúde e bem-estar de pessoas que utilizam medicamentos GLP-1. Esses alimentos podem melhorar a microbiota intestinal, o que, por sua vez, pode ter efeitos metabólicos positivos, disse ele.
“Além disso, os produtos lácteos fermentados com probióticos geralmente contêm outros nutrientes importantes para quem está gerenciando o peso, como cálcio, certos ácidos graxos e proteínas, que desempenham um papel fundamental, especialmente para pacientes que tomam medicamentos GLP-1”, acrescentou.
A Danone também está explorando probióticos de nova geração – microrganismos benéficos programados para fornecer benefícios à saúde de forma mais direcionada – para possibilitar formulações lácteas funcionais superiores que acompanhem a tendência da nutrição personalizada.
Os alimentos vencem os suplementos
Segundo Freitas, os consumidores preferem a familiaridade dos alimentos ao buscar benefícios digestivos, em vez de recorrer a suplementos.
“Mesmo quando os benefícios funcionais são priorizados, os consumidores ainda desejam sabor e sinais de ‘alimentos reais’ – o que torna o iogurte probiótico mais atraente do que os suplementos”, afirmou.
Expansão para laticínios alternativos funcionais
A Danone também está aproveitando os bióticos em sua pesquisa de alternativas aos laticínios, com o objetivo de criar produtos nutricionalmente superiores.
“Quando se trata do desenvolvimento de produtos, não estamos apenas buscando produtos que possam ajudar a restaurar a microbiota de pessoas em disbiose – ou seja, com um microbioma desequilibrado – mas também produtos que nutram as boas bactérias do nosso intestino e, consequentemente, apoiem a saúde intestinal”, explicou Freitas. “E isso pode ser alcançado com determinados probióticos e prebióticos.”
“As tecnologias atuais permitem incorporar combinações de probióticos e prebióticos tanto em laticínios quanto em análogos de laticínios, mesmo quando a fermentação é necessária.”
A pesquisa no campo dos bióticos está evoluindo além dos probióticos e prebióticos, passando a incluir também os pós-bióticos, acrescentou.
“Pós-bióticos são ‘uma preparação de microrganismos inativos e/ou seus componentes que conferem um benefício à saúde do hospedeiro’. Por exemplo, eles podem incluir metabólitos como ácidos graxos de cadeia curta, certas enzimas ou vitaminas.”
“A pesquisa nessa área ainda é recente, mas é algo a se observar à medida que continuamos aprendendo mais sobre como utilizar os bióticos para a saúde de forma geral.”
Fonte: Dairy Reporter [traduzido]