Manifestação vai pedir ao governo federal a suspensão das compras de lácteos da Argentina
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) lidera um movimento para pressionar o governo federal a barrar as importações de leite em pó do Mercosul, especialmente da Argentina.
No dia 18, a entidade promete unir milhares de produtores rurais e lideranças políticas no Expominas, em Belo Horizonte, para uma manifestação pedindo a suspensão das importações de leite em pó subsidiado da Argentina e medidas para socorrer os produtores brasileiros.
“Queremos, além da suspensão das importações, um plano nacional de renegociação das dívidas dos produtores, que tomam prejuízo há mais de um ano. E inserir permanentemente o leite nos programas sociais do governo para estimular o consumo”, afirmou Antonio de Salvo, presidente da Faemg.
De acordo com a Faemg, Minas Gerais possui 216,5 mil produtores de leite, com uma média de produção de 200 a 250 litros de leite por dia. A maioria é de pequenos produtores. O presidente da entidade calcula que um produtor que capta 200 litros por dia lucra no fim do mês em torno de R$ 1,2 mil. “É praticamente um salário mínimo de ganho para o produtor. São centenas de milhares de produtores nessas condições, competindo com produção subsidiada do Mercosul”, comparou De Salvo.
Em 2023, a importação de leite em pó cresceu 68,8% em relação a 2022, para o equivalente a 2,2 bilhões de litros. Desse total, 53,5% vieram da Argentina e 35,8% do Uruguai. As importações em janeiro de 2024 aumentaram 35,9% em volume e, em fevereiro, subiram 23,4%. “O Brasil sempre importou [o equivalente a] 3% da produção nacional. Ano passado chegamos a importar 11%”, observou De Salvo.
De acordo com o executivo, por conta da concorrência com o leite importado e dos preços em queda do leite, Minas Gerais registrou queda de 7% na produção de leite no fim do ano passado. Sem citar números, De Salvo disse que há produtores saindo da atividade e abate de fêmeas leiteiras. “Depois que a vaca é abatida, o produtor leva pelo menos quatro anos para voltar a produzir. A recuperação é demorada”, disse.
A Faemg também pretende instalar um relógio na porta da sua sede, no bairro Floresta, próximo ao centro de Belo Horizonte, que vai indicar o número de dias que a instituição espera uma resposta do governo federal.
Fonte: Globo Rural