Escala decrescente no preço pago e elevação recorde na importação desequilibrou toda a cadeia leiteira em 2023
O presidente da comissão técnica de leite do Sistema Faemg Senar (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais) e vice-presidente da comissão de leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Jonadan Ma, afirma que o ano de 2023 “é para ser esquecido na história da pecuária leiteira”.
“A cadeia toda sofreu demais, a partir de maio em diante tivemos uma escala descendente no preço pago e uma elevação recorde na importação que desbalanceou toda a cadeia leiteira. É um ano a ser esquecido, porque levou o produtor a trabalhar no prejuízo por boa parte do ano”, afirmou Ma.
Segundo informações do Cepea, no acumulado de 2023, as importações chegaram a 2,25 bilhões de litros em equivalente leite, o que representa uma elevação de 68,8% em relação a 2022. O principal derivado lácteo adquirido pelo Brasil no ano passado foi o leite em pó, com expressivo avanço de 83,4% sobre o balanço de 2022. Entre os principais exportadores de leite para o Brasil figuram Argentina e Uruguai.
De acordo com o pesquisador da Embrapa, Paulo do Carmo Martins, o padrão brasileiro era importar em torno de 3% ao equivalente à produção de leite do Brasil. “Estamos em uma fase de transição em que o problema não está no preço, e sim no custo. O preço como média está voltando para o patamar normal, mas o pequeno produtor está sofrendo. Os custos não estão voltando e a margem ficou apertada para a produtividade média do produtor brasileiro”.
Martins aponta que no ano passado, a importação de lácteos chegou a 10%, 12% do equivalente à produção nacional, batendo recorde. “O preço médio e a produtividade média levam a um preço médio, fazendo com que boa parte dos produtos não consigam ser competitivos. Se continuarmos a adotar essa política de não intervenção, o Brasil vai importar 5%”.
O pesquisador aponta o possível percentual de 5% levando em conta uma movimentação de alta no mercado internacional de leite. “Os preços internacionais vão subir e vai ajudar a reduzir as importações também por conta disso no Brasil. A nossa importação está muito dependente da Argentina e do Uruguai. Na Argentina temos um governo que ainda não se desenhou como vai ser. Isso traz uma incerteza quanto ao que vai acontecer em relação às exportações de leite. Ainda não é possível analisar estes anúncios do governo argentino por ser um governo que está no início”.
Fonte: Notícias Agrícolas (adaptado)