No Brasil, expectativa é que haja alguma recuperação nos valores pagos ao produtor
Como ocorreu nos dois anos anteriores, a produção mundial de leite de vaca cresceu pouco em 2023, mostram dados compilados pela Central de Inteligência do Leite (Cileite) da Embrapa. O aumento foi de 1,3%, para 767,7 milhões de toneladas, puxado por um incremento de mais de 7% na oferta asiática, que chegou a 270,3 milhões de toneladas.
Segundo os pesquisadores, em regiões tradicionalmente importantes para a produção e exportação de leite, como União Europeia e América do Sul, a oferta se manteve estável ou caiu nos últimos anos.
“A oferta de leite evoluiu positivamente em regiões emergentes e com produção mais informal, como a África e a Ásia”, afirmam os pesquisadores, em nota. A produção asiática tem crescido 4,3% ao ano, na média, desde 2010.
O maior aumento do consumo no continente asiático, o menor custo de mão de obra e resiliência de alguns sistemas de produção tradicionais podem explicar este aumento expressivo na produção de leite, diz a Embrapa.
A China, que contribui com 15% da produção da Ásia, é um país com uma estrutura de produção distinta dos demais na região. Há pouco mais de 500 mil propriedades leiteiras, com predominância de megafazendas, com animais de mais de 7 mil kg/vaca/ano em média.
Já a demanda global por leite continuou fraca em 2023, devido à redução das importações chinesas e à queda no preço dos derivados lácteos. No fim do ano houve pequena recuperação, mas o preço pago ao produtor seguiu abaixo de US$ 0,40 por quilo de leite, segundo a Rede Internacional para Comparação de Sistemas de Produção de Leite (IFCN).
Brasil
Neste início de ano, os preços internacionais estão subindo e as cotações no Brasil também sinalizam alta, tanto no mercado à vista como no atacado na cidade de São Paulo. “A expectativa é que haja alguma recuperação nos preços ao produtor nos próximos meses”, diz.
O principal ponto de atenção para o ano de 2024 são os custos de produção, já que há expectativa de uma safra de grãos menor devido aos problemas climáticos.
A Embrapa lembra que o setor vem de um ano complicado: o aumento das importações em 2023 causou um déficit comercial recorde, estimado em US$ 1 bilhão. Cerca de 9% da fabricação nacional de produtos lácteos foi feita a partir de matéria-prima importada, principalmente da Argentina e do Uruguai.
Fonte: Globo Rural